Matthew 10:40-21:46

Portuguese(i) 40 Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo. 42 E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa. 11 1 Tendo acabado Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades da região. 2 Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe: 3 És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro? 4 Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes: 5 os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. 6 E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim. 7 Ao partirem eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João: que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento? 8 Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam vestes luxuosas estão nas casas dos reis. 9 Mas por que saístes? para ver um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta. 10 Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio eu ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho. 11 Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Baptista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. 12 E desde os dias de João, o Baptista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto. 13 Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João. 14 E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. 15 Quem tem ouvidos, ouça. 16 Mas, a quem compararei esta geração? É semelhante aos meninos que, sentados nas praças, clamam aos seus companheiros: 17 Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não pranteastes. 18 Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demónio. 19 Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Entretanto a sabedoria é justificada pelas suas obras. 20 Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operara a maior parte dos seus milagres, o não se haverem arrependido, dizendo: 21 Ai de ti, Corazin! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sídon, se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito elas se teriam arrependido em cilício e em cinza. 22 Contudo, eu vos digo que para Tiro e Sídon haverá menos rigor, no dia do juízo, do que para vós. 23 E tu, Cafarnaúm, porventura serás elevada até o céu? até o inferno descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. 24 Contudo, eu vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti. 25 Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. 27 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 28 Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. 30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. 12 1 Naquele tempo passou Jesus pelas searas num dia de sábado; e os seus discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas, e a comer. 2 Os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é lícito fazer no sábado. 3 Ele, porém, lhes disse: Acaso não lestes o que fez David, quando teve fome, ele e seus companheiros? 4 Como entrou na casa de Deus, e como eles comeram os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem a seus companheiros, mas somente aos sacerdotes? 5 Ou não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa? 6 Digo-vos, porém, que aqui está o que é maior do que o templo. 7 Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, não condenaríeis os inocentes. 8 Porque o Filho do homem até do sábado é o Senhor. 9 Partindo dali, entrou Jesus na sinagoga deles. 10 E eis que estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiadas; e eles, para poderem acusar a Jesus, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados? 11 E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-la? 12 Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos sábados. 13 Então disse àquele homem: estende a tua mão. E ele a estendeu, e lhe foi restituída sã como a outra. 14 Os fariseus, porém, saindo dali, tomaram conselho contra ele, para o matarem. 15 Jesus, percebendo isso, retirou-se dali. Acompanharam-no muitos; e ele curou a todos, 16 e advertiu-lhes que não o dessem a conhecer; 17 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: 18 Eis aqui o meu servo que escolhi, o meu amado em quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu espírito, e ele anunciará aos gentios o juízo. 19 Não contenderá, nem clamará, nem se ouvirá pelas ruas a sua voz. 20 Não esmagará a cana quebrada, e não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo; 21 e no seu nome os gentios esperarão. 22 Trouxeram-lhe então um endemoninhado cego e mudo; e ele o curou, de modo que o mudo falava e via. 23 E toda a multidão, maravilhada, dizia: É este, porventura, o Filho de David? 24 Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: Este não expulsa os demónios senão por Belzebu, príncipe dos demónios. 25 Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. 26 Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seus reino? 27 E, se eu expulso os demónios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes. 28 Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demónios, logo é chegado a vós o reino de Deus. 29 Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? e então lhe saquear a casa. 30 Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha. 31 Portanto vos digo: Todo pecado e blasfémia se perdoará aos homens; mas a blasfémia contra o Espírito não será perdoada. 32 Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro. 33 Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom; ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. 34 Raça de víboras! como podeis vós falar coisas boas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. 35 O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. 36 Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo. 37 Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado. 38 Então alguns dos escribas e dos fariseus, tomando a palavra, disseram: Mestre, queremos ver da tua parte algum sinal. 39 Mas ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas; 40 pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. 41 Os ninivitas se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui quem é maior do que Jonas. 42 A rainha do sul se levantará no juízo com esta geração, e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui quem é maior do que Salomão. 43 Ora, havendo o espírito imundo saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. 44 Então diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, chegando, acha-a desocupada, varrida e adornada. 45 Então vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entretanto, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro. Assim há de acontecer também a esta geração perversa. 46 Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe. 47 Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo. 48 Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos? 49 E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 50 Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe. 13 1 No mesmo dia, tendo Jesus saído de casa, sentou-se à beira do mar; 2 e reuniram-se a ele grandes multidões, de modo que entrou num barco, e se sentou; e todo o povo estava em pé na praia. 3 E falou-lhes muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear. 4 e quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e comeram. 5 E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; 6 mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se. 7 E outra caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram. 8 Mas outra caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um. 9 Quem tem ouvidos, ouça. 10 E chegando-se a ele os discípulos, perguntaram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? 11 Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; 12 pois ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. 13 Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem nem entendem. 14 E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira alguma percebereis. 15 Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos, para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure. 16 Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. 17 Pois, em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram. 18 Ouvi, pois, vós a parábola do semeador. 19 A todo o que ouve a palavra do reino e não a entende, vem o Maligno e arrebata o que lhe foi semeado no coração; este é o que foi semeado à beira do caminho. 20 E o que foi semeado nos lugares pedregosos, este é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria; 21 mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. 22 E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera. 23 Mas o que foi semeado em boa terra, este é o que ouve a palavra, e a entende; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta. 24 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeou boa semente no seu campo; 25 mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. 26 Quando, porém, a erva cresceu e começou a espigar, então apareceu também o joio. 27 Chegaram, pois, os servos do proprietário, e disseram-lhe: Senhor, não semeaste no teu campo boa semente? Donde, pois, vem o joio? 28 Respondeu-lhes: Algum inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo? 29 Ele, porém, disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis com ele também o trigo. 30 Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu celeiro. 31 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo; 32 o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos. 33 Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado. 34 Todas estas coisas falou Jesus às multidões por parábolas, e sem parábolas nada lhes falava; 35 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo. 36 Então Jesus, deixando as multidões, entrou em casa. E chegaram-se a ele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo. 37 E ele, respondendo, disse: O que semeia a boa semente é o Filho do homem; 38 o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; 39 o inimigo que o semeou é o Diabo; a ceifa é o fim do mundo, e os celeiros são os anjos. 40 Pois assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo. 41 Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade, 42 e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes. 43 Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça. 44 O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobrí-lo, esconde; então, movido de gozo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. 45 Outrossim, o reino dos céus é semelhante a um negociante que buscava boas pérolas; 46 e encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e a comprou. 47 Igualmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanhou toda espécie de peixes. 48 E, quando cheia, puxaram-na para a praia; e, sentando-se, puseram os bons em cestos; os ruins, porém, lançaram fora. 49 Assim será no fim do mundo: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, 50 e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes. 51 Entendestes todas estas coisas? Disseram-lhe eles: Entendemos. 52 E disse-lhes: Por isso, todo escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. 53 E Jesus, tendo concluído estas parábolas, se retirou dali. 54 E, chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga, de modo que este se maravilhava e dizia: Donde lhe vem esta sabedoria, e estes poderes milagrosos? 55 Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas? 56 E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto? 57 E escandalizavam-se dele. Jesus, porém, lhes disse: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra e na sua própria casa. 58 E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles. 14 1 Naquele tempo Herodes, o tetrarca, ouviu a fama de Jesus, 2 e disse aos seus cortesãos: Este é João, o Baptista; ele ressuscitou dentre os mortos, e por isso estes poderes milagrosos operam nele. 3 Pois Herodes havia prendido a João, e, maniatando-o, o guardara no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Felipe; 4 porque João lhe dizia: Não te é lícito possuí-la. 5 E queria matá-lo, mas temia o povo; porque o tinham como profeta. 6 Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, a filha de Herodias dançou no meio dos convivas, e agradou a Herodes, 7 pelo que este prometeu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse. 8 E instigada por sua mãe, disse ela: Dá-me aqui num prato a cabeça de João, o Baptista. 9 Entristeceu-se, então, o rei; mas, por causa do juramento, e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse, 10 e mandou degolar a João no cárcere; 11 e a cabeça foi trazida num prato, e dada à jovem, e ela a levou para a sua mãe. 12 Então vieram os seus discípulos, levaram o corpo e o sepultaram; e foram anunciá-lo a Jesus. 13 Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um, lugar deserto, à parte; e quando as multidões o souberam, seguiram-no a pé desde as cidades. 14 E ele, ao desembarcar, viu uma grande multidão; e, compadecendo-se dela, curou os seus enfermos. 15 Chegada a tarde, aproximaram-se dele os discípulos, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já passada; despede as multidões, para que vão às aldeias, e comprem o que comer. 16 Jesus, porém, lhes disse: Não precisam ir embora; dai-lhes vós de comer. 17 Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes. 18 E ele disse: trazei-mos aqui. 19 Tendo mandado às multidões que se reclinassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões. 20 Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram levantaram doze cestos cheios. 21 Ora, os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças. 22 Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco, e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões. 23 Tendo-as despedido, subiu ao monte para orar à parte. Ao anoitecer, estava ali sozinho. 24 Entrementes, o barco já estava a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário. 25 À quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar. 26 Os discípulos, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, assustaram-se e disseram: É um fantasma. E gritaram de medo. 27 Jesus, porém, imediatamente lhes falou, dizendo: Tende ânimo; sou eu; não temais. 28 Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas. 29 Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus. 30 Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me. 31 Imediatamente estendeu Jesus a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? 32 E logo que subiram para o barco, o vento cessou. 33 Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus. 34 Ora, terminada a travessia, chegaram à terra em Genesaré. 35 Quando os homens daquele lugar o reconheceram, mandaram por toda aquela circunvizinhança, e trouxeram-lhe todos os enfermos; 36 e rogaram-lhe que apenas os deixasse tocar a orla do seu manto; e todos os que a tocaram ficaram curados. 15 1 Então chegaram a Jesus uns fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e lhe perguntaram: 2 Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos, quando comem. 3 Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? 4 Pois Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e, Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá. 5 Mas vós dizeis: Qualquer que disser a seu pai ou a sua mãe: O que poderias aproveitar de mim é oferta ao Senhor; esse de modo algum terá de honrar a seu pai. 6 E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus. 7 Hipócritas! bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo: 8 Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim. 9 Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem. 10 E, clamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei: 11 Não é o que entra pela boca que contamina o homem; mas o que sai da boca, isso é o que o contamina. 12 Então os discípulos, aproximando-se dele, perguntaram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram? 13 Respondeu-lhes ele: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. 14 Deixai-os; são guias cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco. 15 E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola. 16 Respondeu Jesus: Estai vós também ainda sem entender? 17 Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce pelo ventre, e é lançado fora? 18 Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem. 19 Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfémias. 20 São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos, isso não o contamina. 21 Ora, partindo Jesus dali, retirou-se para as regiões de Tiro e Sídon. 22 E eis que uma mulher cananeia, provinda daquelas cercania, clamava, dizendo: Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada. 23 Contudo ele não lhe respondeu palavra. Chegando-se, pois, a ele os seus discípulos, rogavam-lhe, dizendo: Despede-a, porque vem clamando atrás de nós. 24 Respondeu-lhes ele: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. 25 Então veio ela e, adorando-o, disse: Senhor, socorre-me. 26 Ele, porém, respondeu: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. 27 Ao que ela disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. 28 Então respondeu Jesus, e disse-lhe: ó mulher, grande é a tua fé! seja-te feito como queres. E desde aquela hora sua filha ficou sã. 29 Partindo Jesus dali, chegou ao pé do mar da Galileia; e, subindo ao monte, sentou-se ali. 30 E vieram a ele grandes multidões, trazendo consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e outros muitos, e lhos puseram aos pés; e ele os curou; 31 de modo que a multidão se admirou, vendo mudos a falar, aleijados a ficar sãos, coxos a andar, cegos a ver; e glorificaram ao Deus de Israel. 32 Jesus chamou os seus discípulos, e disse: Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer; e não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho. 33 Disseram-lhe os discípulos: Donde nos viriam num deserto tantos pães, para fartar tamanha multidão? 34 Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? E responderam: Sete, e alguns peixinhos. 35 E tendo ele ordenado ao povo que se sentasse no chão, 36 tomou os sete pães e os peixes, e havendo dado graças, partiu-os, e os entregava aos discípulos, e os discípulos á multidão. 37 Assim todos comeram, e se fartaram; e do que sobejou dos pedaços levantaram sete alcofas cheias. 38 Ora, os que tinham comido eram quatro mil homens além de mulheres e crianças. 39 E havendo Jesus despedido a multidão, entrou no barco, e foi para os confins de Magadan. 16 1 Então chegaram a ele os fariseus e os saduceus e, para o experimentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu. 2 Mas ele respondeu, e disse-lhes: Ao cair da tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro. 3 E pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Ora, sabeis discernir o aspecto do céu, e não podeis discernir os sinais dos tempos? 4 Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se. 5 Quando os discípulos passaram para o outro lado, esqueceram-se de levar pão. 6 E Jesus lhes disse: Olhai, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. 7 Pelo que eles arrazoavam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão. 8 E Jesus, percebendo isso, disse: Por que arrazoais entre vós por não terdes pão, homens de pouca fé? 9 Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para os cinco mil, e de quantos cestos levantastes? 10 Nem dos sete pães para os quatro mil, e de quantas alcofas levantastes? 11 Como não compreendeis que não nos falei a respeito de pães? Mas guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. 12 Então entenderam que não dissera que se guardassem, do fermento dos pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus. 13 Tendo Jesus chegado às regiões de Cesareia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? 14 Responderam eles: Uns dizem que é João, o Baptista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas. 15 Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? 16 Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. 17 Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. 18 Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; 19 dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus. 20 Então ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo. 21 Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse. 22 E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá. 23 Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens. 24 Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; 25 pois, quem quiser salvar a sua vida por amor de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á. 26 Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida? 27 Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras. 28 Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão de modo nenhum provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino. 17 1 Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte; 2 e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. 3 E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. 4 Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias. 5 Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi. 6 Os discípulos, ouvindo isso, caíram com o rosto em terra, e ficaram grandemente atemorizados. 7 Chegou-se, pois, Jesus e, tocando-lhes, disse: Levantai-vos e não temais. 8 E, erguendo eles os olhos, não viram a ninguém senão a Jesus somente. 9 Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja levantado dentre os mortos. 10 Perguntaram-lhe os discípulos: Por que dizem então os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? 11 Respondeu ele: Na verdade Elias havia de vir e restaurar todas as coisas; 12 digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram; mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer às mãos deles. 13 Então entenderam os discípulos que lhes falava a respeito de João, o Baptista. 14 Quando chegaram à multidão, aproximou-se de Jesus um homem que, ajoelhando-se diante dele, disse: 15 Senhor, tem compaixão de meu filho, porque é epiléptico e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água. 16 Eu o trouxe aos teus discípulos, e não o puderam curar. 17 E Jesus, respondendo, disse: ó geração incrédula e perversa! até quando estarei convosco? até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui. 18 Então Jesus repreendeu ao demónio, o qual saiu de menino, que desde aquela hora ficou curado. 19 Depois os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, perguntaram-lhe: Por que não pudemos nós expulsá-lo? 20 Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível. 21 mas esta casta de demónios não se expulsa senão à força de oração e de jejum. 22 Ora, achando-se eles na Galileia, disse-lhes Jesus: O Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens; 23 e matá-lo-ão, e ao terceiro dia ressurgirá. E eles se entristeceram grandemente. 24 Tendo eles chegado a Cafarnaúm, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as didracmas, e lhe perguntaram: O vosso mestre não paga as didracmas? 25 Disse ele: Sim. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, perguntando: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra imposto ou tributo? dos seus filhos, ou dos alheios? 26 Quando ele respondeu: Dos alheios, disse-lhe Jesus: Logo, são isentos os filhos. 27 Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir e, abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter; toma-o, e dá-lho por mim e por ti. 18 1 Naquela hora chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram: Quem é o maior no reino dos céus? 2 Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles, 3 e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. 4 Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. 5 E qualquer que receber em meu nome uma criança tal como esta, a mim me recebe. 6 Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar. 7 Ai do mundo, por causa dos tropeços! pois é inevitável que venham; mas ai do homem por quem o tropeço vier! 8 Se, pois, a tua mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti; melhor te é entrar na vida aleijado, ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo eterno. 9 E, se teu olho te fizer tropeçar, arranca-o, e lança-o de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que tendo dois olhos, ser lançado no inferno de fogo. 10 Vede, não desprezeis a nenhum destes pequeninos; pois eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêm a face de meu Pai, que está nos céus. 11 Porque o Filho do homem veio salvar o que se havia perdido. 12 Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos montes para ir buscar a que se extraviou? 13 E, se acontecer achá-la, em verdade vos digo que maior prazer tem por esta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. 14 Assim também não é da vontade de vosso Pai que está nos céus, que venha a perecer um só destes pequeninos. 15 Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu irmão; 16 mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada. 17 Se recusar ouvi-los, di-lo à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano. 18 Em verdade vos digo: Tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu; e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu. 19 Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. 20 Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. 21 Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete? 22 Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete. 23 Por isso o reino dos céus é comparado a um rei que quis tomar contas a seus servos; 24 e, tendo começado a tomá-las, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; 25 mas não tendo ele com que pagar, ordenou seu senhor que fossem vendidos, ele, sua mulher, seus filhos, e tudo o que tinha, e que se pagasse a dívida. 26 Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, tem paciência comigo, que tudo te pagarei. 27 O senhor daquele servo, pois, movido de compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida. 28 Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem denários; e, segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves. 29 Então o seu companheiro, caindo-lhe aos pés, rogava-lhe, dizendo: Tem paciência comigo, que te pagarei. 30 Ele, porém, não quis; antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. 31 Vendo, pois, os seus conservos o que acontecera, contristaram-se grandemente, e foram revelar tudo isso ao seu senhor. 32 Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste; 33 não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti? 34 E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia. 35 Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão. 19 1 Tendo Jesus concluído estas palavras, partiu da Galileia, e foi para os confins da Judeia, além do Jordão; 2 e seguiram-no grandes multidões, e curou-os ali. 3 Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? 4 Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher, 5 e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? 6 Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem. 7 Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la? 8 Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio. 9 Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério. 10 Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar. 11 Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado. 12 Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o. 13 Então lhe trouxeram algumas crianças para que lhes impusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreenderam. 14 Jesus, porém, disse: Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus. 15 E, depois de lhes impor as mãos, partiu dali. 16 E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? 17 Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos. 18 Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; 19 honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo. 20 Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda? 21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me. 22 Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens. 23 Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. 24 E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus. 25 Quando os seus discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode, então, ser salvo? 26 Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível. 27 Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós? 28 Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. 29 E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna. 30 Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros. 20 1 Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha. 2 Ajustou com os trabalhadores o salário de um denário por dia, e mandou-os para a sua vinha. 3 Cerca da hora terceira saiu, e viu que estavam outros, ociosos, na praça, 4 e disse-lhes: Ide também vós para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. 5 Outra vez saiu, cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo. 6 Igualmente, cerca da hora undécima, saiu e achou outros que lá estavam, e perguntou-lhes: Por que estais aqui ociosos o dia todo? 7 Responderam-lhe eles: Porque ninguém nos contratou. Disse-lhes ele: Ide também vós para a vinha. 8 Ao anoitecer, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até os primeiros. 9 Chegando, pois, os que tinham ido cerca da hora undécima, receberam um denário cada um. 10 Vindo, então, os primeiros, pensaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um denário cada um. 11 E ao recebê-lo, murmuravam contra o proprietário, dizendo: 12 Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualastes a nós, que suportamos a fadiga do dia inteiro e o forte calor. 13 Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não ajustaste comigo um denário? 14 Toma o que é teu, e vai-te; eu quero dar a este último tanto como a ti. 15 Não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom? 16 Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos. 17 Estando Jesus para subir a Jerusalém, chamou à parte os doze e no caminho lhes disse: 18 Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e eles o condenarão à morte, 19 e o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem; e ao terceiro dia ressuscitará. 20 Aproximou-se dele, então, a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, ajoelhando-se e fazendo-lhe um pedido. 21 Perguntou-lhe Jesus: Que queres? Ela lhe respondeu: Concede que estes meus dois filhos se sentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino. 22 Jesus, porém, replicou: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos. 23 Então lhes disse: O meu cálice certamente haveis de beber; mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles para quem está preparado por meu Pai. 24 E ouvindo isso os dez, indignaram-se contra os dois irmãos. 25 Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles. 26 Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; 27 e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo; 28 assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos. 29 Saindo eles de Jericó, seguiu-o uma grande multidão; 30 e eis que dois cegos, sentados junto do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de David, tem compaixão de nós. 31 E a multidão os repreendeu, para que se calassem; eles, porém, clamaram ainda mais alto, dizendo: Senhor, Filho de David, tem compaixão de nós. 32 E Jesus, parando, chamou-os e perguntou: Que quereis que vos faça? 33 Disseram-lhe eles: Senhor, que se nos abram os olhos. 34 E Jesus, movido de compaixão, tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista, e o seguiram. 21 1 Quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes: 2 Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei-mos. 3 E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei: O Senhor precisa deles; e logo os enviará. 4 Ora, isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: 5 Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado em um jumento, em um jumentinho, cria de animal de carga. 6 Indo, pois, os discípulos e fazendo como Jesus lhes ordenara, 7 trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram os seus mantos, e Jesus montou. 8 E a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo caminho; e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho. 9 E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam, dizendo: Hossana ao Filho de David! bendito o que vem em nome do Senhor! Hossana nas alturas! 10 Ao entrar ele em Jerusalém, agitou-se a cidade toda e perguntava: Quem é este? 11 E as multidões respondiam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia. 12 Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas; 13 e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores. 14 E chegaram-se a ele no templo cegos e coxos, e ele os curou. 15 Vendo, porém, os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que ele fizera, e os meninos que clamavam no templo: Hossana ao Filho de David, indignaram-se, 16 e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e de criancinhas de peito tiraste perfeito louvor? 17 E deixando-os, saiu da cidade para Betânia, e ali passou a noite. 18 Ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome; 19 e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente. 20 Quando os discípulos viram isso, perguntaram admirados: Como é que imediatamente secou a figueira? 21 Jesus, porém, respondeu-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso será feito; 22 e tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis. 23 Tendo Jesus entrado no templo, e estando a ensinar, aproximaram-se dele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, e perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? e quem te deu tal autoridade? 24 Respondeu-lhes Jesus: Eu também vos perguntarei uma coisa; se ma disserdes, eu de igual modo vos direi com que autoridade faço estas coisas. 25 O baptismo de João, donde era? do céu ou dos homens? Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não o crestes? 26 Mas, se dissermos: Dos homens, tememos o povo; porque todos consideram João como profeta. 27 Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Disse-lhe ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas. 28 Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na vinha. 29 Ele respondeu: Sim, senhor; mas não foi. 30 Chegando-se, então, ao segundo, falou-lhe de igual modo; respondeu-lhe este: Não quero; mas depois, arrependendo-se, foi. 31 Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram eles: O segundo. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. 32 Pois João veio a vós no caminho da justiça, e não lhe deste crédito, mas os publicanos e as meretrizes lho deram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crerdes nele. 33 Ouvi ainda outra parábola: Havia um homem, proprietário, que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país. 34 E quando chegou o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos. 35 E os lavradores, apoderando-se dos servos, espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram. 36 Depois enviou ainda outros servos, em maior número do que os primeiros; e fizeram-lhes o mesmo. 37 Por último enviou-lhes seu filho, dizendo: A meu filho terão respeito. 38 Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança. 39 E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram. 40 Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores? 41 Responderam-lhe eles: Fará perecer miseravelmente a esses maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe entreguem os frutos. 42 Disse-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular; pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos? 43 Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que dê os seus frutos. 44 E quem cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó. 45 Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo essas parábolas, entenderam que era deles que Jesus falava. 46 E procuravam prendê-lo, mas temeram o povo, porquanto este o tinha por profeta.